Qualquer instituição de ensino superior terá orgulho em aprensentar uma lista de ex-alunos que se destacaram em sua área de formação, ou, no mínimo, conseguiram inserção no mercado de trabalho em curto espaço de tempo. Isso parece também o sonho de todo recém-formado. Mas, vale ressaltar que a distância entre a realidade e a ilusão pode ser muito maior do que se imagina.
Podemos começar com duas situações: uma delas considera um mercado de trabalho com baixo nível de desemprego, ganhos reais de salário e crescente demanda por mão de obra. O segundo cenário concebe um mercado recessivo, perda de poder aquisitivo dos salários e retração da demanda por trabalho. Será que basta ser egresso de um curso superior para estar bem colocado em qualquer uma das situações, resumidamente descritas aqui? Penso que não. No primeiro dos casos, pelo menos teoricamente, existem motivos para esperar que o encontro entre quem procura trabalho e quem precisa de um profissional qualificado seja mais frequente e satisfatório. Uma das sinalizações que as empresas irão contratar mais pessoas é percebida quando as IES começam a receber propostas de estágios para alunos de seus cursos vinculadas às diferentes áreas de formação. E, de outra forma, quando são assinados convênios e parcerias com empresas locais para o desenvolvimento de projetos de qualificação afinados com o mercado em franca expansão.
Por outro lado, os ânimos podem ser bastante afetados quando estamos em uma situação adversa, com baixa oferta de postos de trabalho, principalmente para profissionais com mais anos de escolarização. Ou ainda, quando a oferta de emprego vem acompanhada de precarização das condições de trabalho e baixa remuneração. Lembro de ter encontrado uma egressa do curso de administração de uma IES onde trabalhei, e ela se queixava muito da falta de oportunidade e dos baixos salários oferecidos aos recém-formados pelo mercado onde estava inserida. Evidentemente, tentei entendê-la em suas razões mas, o fato é que ela não estava sozinha nessa queixa. Existiam outros tantos que demonstravam a mesma frustração. Aqui cabe uma pergunta: o que nossas instituições de ensino superior podem fazer para dar uma maior atenção aos profissionais que elas ajudam a formar e que estão no começo de carreira? As políticas de acompanhamento de egressos devem realizar sua parte não apenas contabilizando quem "deu certo" e esquecendo quem não está inserido no mercado de trabalho de sua área. A efetividade dessas políticas não está apenas em criar estatísticas para analisar o grau de inserção de seus ex-alunos. A comunicação com o mercado de trabalho é essencial para dar ao recém-formado preparo suficiente para que ele possa ter uma ideia clara do que se espera dele lá fora e daquilo que ele pode oferecer no momento.